Cientistas propõem mudanças na agricultura para resgatar biodiversidade

Cientistas propõem mudanças na agricultura para resgatar biodiversidade
Os seres humanos dependem da agricultura para sua própria sobrevivência, mas essa atividade ocupa mais de um terço da massa terrestre e põe em risco 62% de todas as espécies ameaçadas no mundo. No entanto, as paisagens agrícolas podem apoiar, e não prejudicar, a biodiversidade. Mas isso seria conseguido apenas através de uma transição global para a produção agroecológica. Uma equipe internacional de mais de 360 ??cientistas de 42 países, liderada pela Universidade de Göttingen (Alemanha) e pela Universidade Westlake, de Hangzhou (China), argumenta que os princípios agroecológicos devem ser integrados no Quadro Global de Biodiversidade pós-2020, que visa reduzir as ameaças à biodiversidade e será decidido na 15ª Convenção das Partes (COP15), reunião que ocorrerá na China. O artigo de correspondência foi publicado na revista “Nature Ecology & Evolution”. Inverter a tendência do declínio das espécies é essencial para o benefício das pessoas e do planeta. Para isso, porém, serão exigidas ações coordenadas e agricultura sustentável. A agricultura intensiva baseada em pesticidas e fertilizantes excessivos tem efeitos negativos sobre a biodiversidade. Os autores argumentam que as paisagens agrícolas podem fornecer habitats para a biodiversidade, promover a conectividade entre áreas protegidas e aumentar a capacidade das espécies de responder a ameaças ambientais. A agenda de pesquisa dos autores inclui melhorar as redes globais de pesquisa, expandir a inovação técnica e melhorar a comunicação. Alimentos mais nutritivos e saudáveis Os autores enfatizam a importância de trabalhar e apoiar agricultores, povos indígenas e comunidades locais. A diversificação das culturas, juntamente com novas variedades e combinações, por exemplo, pode sustentar a produção. Além disso, essas ações podem apoiar a biodiversidade e os ecossistemas, fornecendo alimentos mais nutritivos e saudáveis ??para todos. Este ano é crucial para a biodiversidade, não apenas porque o tempo está acabando para conservar insetos e outros animais selvagens, mas também porque a 15ª Convenção das Partes (COP15) se reunirá na China para a Conferência de Biodiversidade da ONU, agora em 2021 devido à covid-19. Na COP15, se buscará o acordo do Quadro Global de Biodiversidade pós-2020, que tem metas para reduzir as ameaças à biodiversidade. Os autores elaboraram como os princípios agroecológicos podem ajudar a cumprir cada uma dessas metas. O dr. Thomas Cherico Wanger, da Universidade Westlake e da Universidade de Göttingen e primeiro autor dos relatórios de correspondência, declarou: “A importância da agroecologia para mudar a agricultura e proteger a biodiversidade foi reconhecida por muitas organizações de alto nível, na comunidade científica e por profissionais, o que também se reflete no número e nas afiliações dos signatários da nossa correspondência. Após nossas discussões positivas com representantes da COP15, espero que essa correspondência possa ajudar a estimular as discussões na arena política e causar um impacto real nos sistemas de produção agrícola”. O professor Teja Tscharntke, chefe do Grupo de Pesquisa em Agroecologia da Universidade de Göttingen e coautor do texto, acrescentou: “A agroecologia tem o potencial de mudar a maneira como ‘fazemos a agricultura’. Esperamos que nossa abrangente agenda de pesquisa ajude a traçar o caminho para a agricultura sustentável e diversificada e a conservação da biodiversidade no futuro”. Fonte: Revista Planeta

22/07/2020

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